Dignidade arrastada

Meu corpo tombou
Dois tiros em alguém que só saiu para comprar pão.
Estrutura social se manifestando.

A bala perdida acha sempre um corpo negro
Dois, seis, oitenta tiros e a vida se esvai, sem dignidade.

Quem vai me socorrer neste momento?

Moribunda ouço a chegada do camburão
Braço armado do Estado que deveria me proteger
Exclui meu corpo como quem joga dejetos no lixo.

E toca a sirene sobre os gritos do povo
Enquanto nos meus últimos suspiros sinto minha carne arrastada pelo asfalto.
Brutalizada, animalizada sem direito a comoção.

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