A formação da sociedade brasileira sob a perspectiva de um excluído

Invisibilidade histórica – Conforme a pedagogia atual, a história da humanidade é contada a partir do Egito, reino Africano, de maioria negra que o Helenismo clareou. O embranquecimento cultural se dá para perpetuar a superioridade do povo branco europeu sobre os povos ditos bárbaros, primeiro aqueles que viviam além das fronteiras romanas, depois sobre os asiáticos, os africanos e, após o tal descobrimento, sobre os povos nativos das Américas.

Na Idade Média, para justificar as atrocidades cometidas em nome da missão embranquecedora, temos como exemplo, os defensores de religião cristã, o Direito Canônico, a Inquisição dos Hereges e as Cruzadas na Ásia, para a libertação da terra Santa. No Brasil ainda hoje são poucas as escolas onde é ensinado sobre o passado de África. Trazem essa história no limbo como se lá nada existisse antes da chegada do Europeu, dando importância somente à cultura colonizadora, esquecendo-se que os maiores reinos lá existiam muito antes de haver civilização na Europa.

Os Gregos se instruíram nas maiores bibliotecas até hoje não imaginadas. Alexandre, conhecido como, O Grande, se perpetuou na construção da cidade de Alexandria, fazendo referência ao seu nome, no entorno da biblioteca onde reuniu os pergaminhos roubados de todos territórios que conquistou. A construção em forma de farol, uma das 7 maravilhas do Mundo Antigo, iluminava o caminho das embarcações. O colonizador se maravilhou tanto que, quando lá chegou, ordenou aos seus comandantes que tomassem as mulheres locais para mesclar suas culturas.

A escravidão no Brasil – Alguns autores caracterizam os portugueses como exitosos colonizadores, mas esquecem de colocar sua preponderante característica de gente sem nenhuma dotação moral. Usavam de todo o tipo de cruel violência para impor suas vontades. A sociedade brasileira atual é resultado de uma formação de extermínio escravagista e oligárquica, perpetuada com a ausência de políticas públicas culturais, sociais, educacionais, esportivas e de cidadania, em fim de exclusão das massas populacionais de periferias, o que é demonstrado diariamente nas estatísticas de quem mata e de quem morre.
A descendência do colonizador branco diz não ter cor. A grande população excluída tem, descendentes de África. Esta população extraiu da terra riqueza para a Igreja, o Império Português, Espanhol e para a oligarquia dominante da época.

História – No ano de 1456, o papa Nicolau V assina a Dum Diversas, nesta Bula autoriza aos reis de Portugal e Espanha o direito de escravizar os povos ditos pagãos. Num primeiro momento prendem e escravizam os nativos da terra nova, mas estes por diversos fatores, principalmente por estarem em seus territórios, eram difíceis de lidar, causando vários problemas aos colonizadores. O custo para estes povos foi a morte, o extermínio de muitas culturas através da disseminação de doenças, de armas, do abuso sexual e outras formas de torturas. Aberrações cometidas pelos europeus.

Diante do fracasso da empreitada, os europeus buscam alternativas na Ásia e África, criando o maior sequestro, por consequente, a mais abundante Diáspora que a humanidade já viu. Estima-se que milhões de pessoas foram retiradas de suas terras, milhões morreram na captura e travessia do mar dentro dos navios Tumbeiros.

Os Africanos eram trazidos nas embarcações chamadas navios negreiros, por suas péssimas condições apelidados de Navio Tumbeiro (por serem verdadeiras tumbas marítimas), tendo o mar como o local onde os sepultavam. Aqueles que adoeciam eram jogados nas águas. Ao chegarem no Brasil eram vendidos como animais, separados de suas famílias, e alojados em senzalas, onde só saíam para trabalhar, retornando ao fim do dia, para dormir. Essa prática se deu por mais de 380 anos. São  muitas gerações que viveram essa atrocidade, forçando-os a serem fortes, resilientes e, alguns, sobreviventes. Verdadeiros heróis que mantiveram nossa história e cultura vivas, apesar da ausência de possibilidades, mesmo após a lei de 1888.

A Igreja escravista – Chegando a este ponto, a Igreja, faminta por expansão, passou a dedicar-se às conquistas coloniais. São os sacerdotes os primeiros colonizadores da África negra. Encontramos padres, ao lado dos conquistadores espanhóis, que massacraram os índios da América. Foram os padres que organizaram o comércio de escravos. (“O Livro Negro do Cristianismo” de Jacopo Fo, Laura Malucelli e Sergio tomat/ da Pag. 15 a 17)

Alguns comemoram o dia 13 de maio de 1888 como o dia do fim da escravização. Conceito implantado nos currículos escolares, mas analisando os fatos ocorridos entendermos como aconteceu e que transição foi esta:
– 13 de maio de 1888 – Abolição da escravatura
– 14 a 24 de maio de 1888 – Festa da Abolição onde os senhores foram servidos durante dez dias pelos ditos negros libertos.
– 14 de maio os negros são expulsos das fazendas, sem destino ou possibilidade cidadã de sobrevivência. O Império Brasileiro intensifica a política de Cotas (2.8 hectares de terras) e vantagens (tipo de empreendedorismo e educação) para os imigrantes europeus virem para o Brasil. Além disso, joga a população de ex-escravizados à margem da sociedade criando a política de embranquecimento e extermínio da população Negra que perdura até hoje.

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