Angela Maria Xavier Freitas: Coletivo de Escritores Negros, presente!

Meu nome é Angela Maria Xavier Freitas. Sou escritora e integrante do Coletivo de Escritores Negros em Porto Alegre. Recebi a incumbência de apresentar a entidade aos leitores do Literatura RS. Não é uma tarefa fácil, depois do texto da Nathallia Protazio no dia 19 de maio, onde ela explanou sobre a necessidade do surgimento dessa importante iniciativa. Semana de reflexões, na qual tivemos a satisfação de sermos citados em um pertinente texto do escritor Jeferson Tenório em sua coluna no jornal Zero Hora.

O Coletivo de Escritores Negros surgiu em meados de novembro de 2021, sob a voz da indignação de pretos e pretas, que decidiram escurecer as coisas, protestando pela falta de espaço para a negritude em Feiras Literárias. É fato que já faz tempo que racismo estrutural vem se deliciando com a possibilidade de excluir o povo negro dos eventos culturais na capital gaúcha. A Feira do Livro de Porto Alegre parece sempre uma realidade inalcançável para grande parte de nós. Assim sendo, o escritor Gilberto Soares decidiu romper a lógica e propôs uma Feira do Livro Afro, convocando-nos à luta.

Aconteceu em 20 de novembro, com o aquilombamento de irmãos e irmãs. Oportunidade de encontros potentes, eu mesma conheci algumas autoras inspiradoras: Ana dos Santos, Delma Gonçalves,  Isabete Fagundes, Marieta Silveira, Taiasmim Ohnmacht. Nascia um Coletivo comprometido com a causa literária negra, ainda que com várias limitações, próprias de qualquer início, nossos olhares carregam um brilho esperançoso.

Estamos nos organizando, existe em cada um de nós um desejo irrefreável por visibilidade, oportunidades, afetos, onde possamos compartilhar produções e possibilitar encontros orgânicos entre leitores e textos. Recebemos com alegria novos escritores, negras, negros e negres, que também carreguem o desejo de fortalecer  enquanto rede  promissora e acolhedora.

Desafios certamente teremos… Somos um Coletivo e o fato de estarmos aquilombados reflete a certeza de que não estaremos sozinhos em nossas angústias e incertezas, que infelizmente durante séculos nos atormentam e oprimem. Assumimos o poder que a ancestralidade nos confere. Um histórico de resistência e luta, que se reflete em escritas corajosas, sensíveis e significativamente humanas. No último dia 11 de junho fomos às ruas, participando da foto histórica de escritoras de Porto Alegre, movimento reproduzido em várias capitais brasileiras, inspiradas no registro “Um grande dia em Harlem” feita por Art Kane em 1958 na cidade de Nova York . Foi com imenso orgulho que o Coletivo esteve presente,  representado por algumas de nossas autoras.

Encerro este cartão de apresentação, ressaltando que nossas redes sociais estão ativas (@coletivodeescritoresnegros) e comprometidas com a representatividade do trabalho de cada um dos escritores e escritoras. Venha fazer parte deste movimento urgente, vamos priorizar o protagonismo negro no universo literário. Agradeço ao Coletivo pela confiança.

A luta continua!

 

Texto Original publicado em
 

 

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